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Mais uma edição do Fórum Anual do Rede Observação foi realizada entre os dias 14 e 16 de março, com participantes dos 11 observatórios em Armação dos Búzios. Em três dias de apresentações e dinâmicas colaborativas, representantes de comunidades quilombolas, pesqueiras e rurais discutiram as principais reivindicações de seus territórios. Estavam presentes os analistas ambientais do IBAMA, Anderson Vicente e Júlio César, a coordenadora de socioeconomia da PRIO, Aline Almeida, a professora e pesquisadora Débora Bronz, o orientador metodológico Frederico Loureiro, além da assessora jurídica das comunidades, Ana Paula Viana.

Mesa redonda debate os impactos da cadeia produtiva de petróleo e gás na pesca artesanal / Créditos: Cadenza Filmes

No primeiro dia, os participantes foram recepcionados com apresentações sobre os eixos do projeto Rede Observação: Educação Ambiental e Pesquisa (EAP), Comunicação Popular (CP), Teatro do Oprimido (TO) e a novidade deste ano, Comunicação Institucional (CI). A acolhida contou ainda com dinâmicas conduzidas pelo poeta, ator e palhaço Rodrigo Lima, promovendo integração e engajamento entre os participantes. Além das apresentações, o dia foi marcado pela fala do orientador metodológico Frederico Loureiro, por um breve debate sobre as frentes de atuação do projeto, promovendo reflexões sobre os desafios ambientais e sociais enfrentados pelas comunidades a partir da cadeia produtiva de petróleo e gás.

Apresentação do teatro-fórum das marisqueiras do Observatório de Itapemirim // Créditos: Cadenza Filmes

A programação seguiu com a Feirinha dos Observatórios, um momento para as comunidades compartilharem seus trabalhos, Teatro-Fórum com agricultores de Rio das Ostras e marisqueiras de Itapemirim, além da mesa-redonda sobre os impactos da cadeia produtiva de petróleo e gás na agricultura familiar, pesca artesanal e quilombos. Também foi apresentado o vídeo-relatório de Comunicação Popular (CP), a contribuição da pesquisadora Débora Bronz, e a Drª Ana Paula Viana destacou a atuação jurídica dos observatórios, com ênfase no trabalho do quilombo dos Remanescentes de Baía Formosa em Búzios.

Créditos: Cadenza Filmes / Feirinha de artesanato do Observatório Cabo Frio

Depoimentos

Maria Eduarda Nogueira Souza Lima – Observatório Campos / Quilombo de Lagoa Fea

"Comecei a morar no quilombo de Lagoa Fea em 2024 e conheci o projeto por indicação de uma amiga. No fórum, aprendi muito com outras comunidades. O que mais me marcou foi o Teatro-Fórum das marisqueiras de Itapemirim. Nosso grupo sugeriu soluções para a proibição do cozimento na praia e em casa, como cozinhas comunitárias, uso de energia solar e um abaixo-assinado.”

Denaildes Mariano de Souza - Observatório Rio das Ostras / Coletivo Andorinhas

“Depois que a gente veio pro Rede Observação, o projeto começou mostrando o caminho que deveríamos trilhar e hoje, graças a Deus, podemos dizer que estamos com os pés no chão, pois o Rede vem nos orientando, nos dando força, e mostrando quais direitos temos. Não sabíamos falar, mas agora temos um pouco mais de liberdade para se expressar.”

Nanci Flor Inácio dos Santos – Observatório Campos / Quilombo de Lagoa Fea

"Foi minha primeira vez no fórum. Participo do projeto desde o ano passado, mas antes não tinha tempo para me envolver mais. Agora, não perco um dia, porque sempre aprendemos algo novo. A Rede Observação nos ajudou a conquistar a associação de moradores e entender nossos direitos como quilombolas. O momento mais emocionante para mim foi quando as mulheres começaram a bater o feijão — lembrei do meu pai, que tinha plantação, e de quando eu e meus irmãos fazíamos isso aos seis anos de idade. Vou continuar nessa luta."

Valquíria dos Santos Conceição – Observatório Búzios / Quilombo de Baía Formosa

"Faço parte do projeto há 10 anos e aprendi muito com as outras comunidades. O Rede Observação nos ensinou a nos defender e insistir na luta. Graças ao projeto, conseguimos acesso à água e à eletricidade no quilombo. O projeto é um verdadeiro braço de fortalecimento e visibilidade para nossa comunidade."

Com metodologias da educação ambiental crítica, o projeto busca o fortalecimento e a autonomia dos grupos locais.
A realização do PEA Rede Observação é uma medida de mitigação exigida pelo
Licenciamento Ambiental Federal, conduzido pelo IBAMA.

Fórum 2025: Rede Observação reúne comunidades tradicionais para debater conflitos e conquistas

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