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Cooperativa Sol, Salga e Artes conclui obras e fortalece cultura da pesca em Arraial

Sede da Cooperativa Mulheres da Pesca, Aquicultura e Artesanato da Prainha (MUPAAP) - Sol, Salga e Artes é finalizada após um ano de construção e fortalece a gastronomia e cultura local.

Por Arraial do Cabo - Rede Observação
27/02/25 17h11 - 2 meses
A finalização das obras da sede da Cooperativa Mulheres da Pesca, Aquicultura e Artesanato da Prainha (MUPAAP) - Sol, Salga e Artes, representa a valorização da cultura e da memória local em Arraial do Cabo (RJ). O espaço, localizado no bairro Prainha, consolida a tradição da pesca artesanal e da gastronomia baseada no peixe salgado e frutos do mar, atividade histórica das mulheres da região. A construção foi viabilizada pelo edital do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Frade, da PRIO, iniciada em janeiro de 2024 e finalizada em janeiro de 2025. A nova sede conta com uma cozinha estruturada para aprimorar o restaurante da cooperativa, além de áreas destinadas à produção artesanal e ao beneficiamento dos pescados.

Crédito: Arquivo Cooperativa MUPAAP - Sol, Salga e Artes / Obra sendo executada durante o ano de 2024.



Segundo Cleusa dos Remédios Rocha, liderança e articuladora local do PEA Rede Observação, além de restaurante a cooperativa também é um espaço cultural. “Nós recebemos as pessoas no restaurante e contamos a história da salga do peixe, elas podem degustar peixe salgado com pirão de banana e depois apresentamos o jongo e o samba de roda”, completa. 

Créditos: Cleusa dos Remédios Rocha // Foto 1: Fachada da sede MUPAAP revitalizada. Foto 2: Prato “Lambe-Lambe”, forma tradicional culinária onde o marisco com casca era cozido com arroz; Foto 3: Ensaio de jongo no espaço interno e atrás na cooperativa.

Cleusa afirmou que o Rede Observação tem sido um incentivo para a continuidade dos trabalhos da cooperativa, auxiliando na realização de projetos, educação ambiental e permanência. Segundo ela, ao receberem as ferramentas adequadas, as integrantes passaram a compreender melhor seus deveres e direitos como pescadoras artesanais e mulheres da cadeia produtiva da pesca, adotando uma postura diferente diante das dificuldades. Cleusa destacou ainda que o projeto contribuiu para ampliar a visão sobre o meio ambiente, os impactos ambientais e os desafios enfrentados devido à presença das petroleiras em Arraial do Cabo.


A MUPAAP foi fundada em 2016, mas suas integrantes iniciaram as atividades em conjunto em 2013. Atualmente, o grupo é composto por 10 mulheres e dois homens. Para Sandra Fonseca, o Rede Observação foi fundamental para o fortalecimento da cooperativa. “O projeto na minha comunidade, nos abraçou na hora certa porque estávamos formando uma cooperativa de mulheres e precisávamos de ajuda e orientação. Através das reuniões, adquirimos informações, saberes e conhecimento de muita importância”, afirma.

Créditos: Coletânea Mapa de Conflitos e Resistências do Rede Observação / Bandeira com logo da cooperativa Mulheres da Pesca, Aquicultura e Artes da Prainha (MUPAAP) Sol, Salga e Artes.

Eriane de Oliveira Silva, pescadora de mariscos, destaca os desafios enfrentados pelo grupo. “O projeto nos ajudou nessa trajetória e tem nos orientado através das reuniões, ajudando a crescer as pessoas da cooperativa e da comunidade. Passamos pela dificuldade que é a invasão do nosso espaço, tanto dentro do mar quanto fora, pelo turista. Temos tido uma visão mais ampla dos impactos ambientais e essa compreensão tem ajudado no posicionamento em nosso território”, explica.

 



O município de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio, sofre os impactos da cadeia produtiva de petróleo e gás da Bacia de Campos. Segundo pesquisa de 2024 do Projeto de Educação Ambiental (PEA) Rede Observação, conduzida por Yashmin Loureiro, pescadores relataram a redução do pescado devido a diversos fatores. O turismo predatório e o aumento do tráfego de embarcações alteraram o fluxo natural das espécies. A instalação de plataformas de petróleo também impactou a dinâmica marinha, atraindo peixes para áreas próximas devido à dispersão de resíduos orgânicos. Além disso, o manejo inadequado e a superexploração reduziram a quantidade de mariscos nos últimos 15 anos. Para ter acesso a pesquisa completa clique aqui


As pescadoras artesanais são um dos grupos prioritários do PEA Rede Observação. Com a metodologia da educação ambiental, o PEA Rede Observação é uma medida de mitigação exigida pelo licenciamento ambiental federal conduzida pelo IBAMA. 

A realização do PEA Rede Observação é uma medida de mitigação exigida pelo Licenciamento Ambiental Federal, conduzido pelo IBAMA.

2023 PEA Rede Observação