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Comunidades tradicionais concluem curso de reforço escolar do Projeto Alicerce com formatura em Búzios

Formatura em Búzios reuniu 34 alunos, incluindo agricultores familiares, quilombolas e pescadoras artesanais. A iniciativa foi articulada pela PRIO, em parceria com o PEA Rede Observação.

Por Rede Observação - Rede Observação
10/11/25 21h05 - 4 dias
No dia 8 de novembro, em Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio, agricultores familiares, quilombolas e pescadoras artesanais de sete Observatórios participaram da cerimônia de formatura do Projeto Alicerce. Os 34 formandos concluíram o curso de aceleração no reforço escolar realizado entre 2024 e 2025, com turmas compostas por pessoas de diferentes idades e contextos sociais. A iniciativa foi viabilizada pela área de Meio Ambiente e Socioeconomia da PRIO, coordenada por Aline Almeida, em parceria com o PEA Rede Observação, sob coordenação de Camila Panno Vieira, junto ao Projeto Alicerce.

O evento foi realizado no salão Topázio, no Hotel Pedra da Laguna, no bairro Ferradura. Antes do início do cerimonial, os formandos participaram de um café da manhã e se prepararam para o momento. Vestiram becas, colocaram capelos e registraram, em fotos e vídeos, a conquista.

“A gente sempre teve esse sonho e sempre percebeu que havia uma carência nos grupos do PEA. A gente não sabia muito bem como fazer, como conseguiríamos levar educação e transformar, de fato, a vida de pessoas que não tiveram acesso à escola como muitas crianças têm hoje em dia. O Alicerce me procurou e perguntou se eu gostaria de participar de uma reunião para conhecer o trabalho, e eu disse que sim. Fui conhecer e foi muito bom. A proposta do Alicerce transformou a gente também. Conversei com a Camila e pensei: será que vai dar certo, será que teremos alunos? Mas deu certo porque vocês toparam e participaram”, disse Aline Almeida, diretora de Meio Ambiente da PRIO.



A cerimônia foi conduzida por Camila Panno Vieira, coordenadora geral do PEA Rede Observação. A mesa de abertura foi composta por Aline Almeida (PRIO), Juliene Vargens (professora do Alicerce), Sulamita Rangel e Camila Oliveira (Rede Observação).

Composição da mesa para o cerimonial de formatura - Foto: Mariane Siqueira


“O Alicerce tem a grande missão de transformar a realidade brasileira através da educação. Estou acompanhando esses alunos desde o ano passado, conheci as histórias de luta, dor, superação, força, trabalho, tradições do quilombo, do guaiamum... Nós tivemos uma troca muito gratificante”, afirmou Juliene Vargens, professora do Projeto Alicerce.




Durante o evento, a supervisora do campo Centro, Karla Carvalho, leu uma carta construída coletivamente com as supervisoras e articuladoras do Rede Observação, que acompanharam de perto a trajetória dos alunos desde o primeiro dia de aula, oferecendo suporte presencial e emocional nos momentos em que pensaram em desistir. 


“A educação cria oportunidade e esperança a pessoas adultas que, por muitos motivos, precisaram interromper seus estudos, mas nunca deixaram de sonhar. A educação é transformadora, libertadora e ninguém consegue parar aquele que se propõe a crescer”, dizia o trecho da carta lida por Karla Carvalho.



DEPOIMENTOS


“É um momento de alegria estar aqui, conquistando o desejo do nosso coração. O Alicerce chegou e eu abracei de todo o coração. Eu fui bem, mas quando chegou a matemática… fiquei apavorada. Quando a matemática foi ficando mais difícil, pensei em parar, e a Iomar [articuladora] disse que não, que conversaria comigo. Nós não podemos parar, não podemos desistir da caminhada, porque, se continuarmos com o nosso sonho vivo e seguirmos em frente a cada dia, vamos alcançar a nossa vitória, aprendendo cada vez mais”, disse a quilombola de Baía Formosa, Maria de Cássia da Conceição, de 68 anos.


Para muitos, foi o primeiro certificado recebido. Diversas falas reforçaram que o apoio de quem atua no território, junto aos grupos, foi importante para que os alunos concluíssem o curso.


“Quando o Observatório chegou em Cantagalo, nós nos reunimos e começamos a conhecer nossos direitos e deveres. Hoje, quando alguém me diz que eu não posso, estou aqui provando que nós somos capazes. Estamos mostrando à sociedade que, se lutarmos e tivermos fé, conseguiremos alcançar nossos objetivos”, afirmou a agricultora familiar Anderlândia Gomes.“Eu não tive formatura quando pequena, porque meu pai, na década de 1950, dizia que, quando o filho começava a crescer, não devia mais ir à escola, devia trabalhar. E foi o que aconteceu comigo. Até os 15 anos permaneci no colégio, depois não pude concluir meus estudos. Hoje estou aqui realizando esse sonho”, contou a catadora de guaiamum Zenaide da Cunha Azevedo.


Formandos do Projeto Alicerce 



Armação dos Búzios: 
Isabel Alzira Maria da Conceição, Maria de Cássia Conceição, Natália Fortunato, Raquel Floriano da Conceição

Cabo Frio:
Lais Andrade, Maria Faustina de Oliveira, Raissa de Oliveira dos Santos, Tais Oliveira dos Santos, Zenaide da Cunha Ferreira, Graziele Santos Nocau

Itapemirim: Anailda Delfino Soares, Tatiany Delfio Soares Bernucci

Rio das Ostras: Sueli da Silva Mendonça, Jéssica Manhães de Souza Sobrinho, Alcimara Lozan Olegário das Chagas, Anderlândia Gomes da Cunha, Iracema de Oliveira Nascimento Mariano, Denaildes Mariano de Souza, José Junior Ribeiro Chagas, Tereza de Paula Silva

Campos dos Goytacazes:
Ana Lúcia de Souza Martins, Gineia Miguel da Silva, Lívia Márcia Rodrigues dos Reis, Nanci Flor Inácio, Tatiana Sardinha de Moraes

São Francisco de Itabapoana:
Alaildo Gomes Barreto, Arinete Custódio Crespo, Genilza Oliveira Gonçalves, Josélia Ricardo Vieira, Magna Alves dos Santos Barreto, Margarete Alves dos Santos Oliveira, Prisciele dos Santos Oliveira, Rosa Ribeiro dos Santos

São João da Barra:
Ediomar Pereira Gomes.



Os quilombolas, agricultores familiares e pescadores artesanais são os grupos prioritários do PEA Rede Observação. 
Com a metodologia da educação ambiental, o PEA Rede Observação é uma medida de mitigação 
exigida pelo licenciamento ambiental federal conduzida pelo IBAMA. 


A realização do PEA Rede Observação é uma medida de mitigação exigida pelo Licenciamento Ambiental Federal, conduzido pelo IBAMA.

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