Campos dos Goytacazes - Rede Observação

Apresentação de Myllena Cruz, Maria Clara e Eduardo Martins, com o tema: "Quilombo Lagoa Fea - Memória e Construção da Identidade", durante sarau literário na Escola Estadual Liceu de Humanidades.

Três alunos quilombolas do Colégio Estadual Nilo Fernandes Pereira, de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, compartilharam experiências e conhecimentos sobre suas raízes durante um sarau literário organizado pela Escola Estadual Liceu de Humanidades com a participação de outras unidades escolares. A iniciativa da participação de Myllena Cruz, Maria Clara e Eduardo Martins, que fazem parte do PEA Rede Observação, partiu da própria escola que os convidou por integrarem uma turma de estudantes quilombolas. A proposta era apresentar a história do Quilombo de Lagoa Fea ao público presente. O sarau reuniu escolas estaduais no espaço externo da tradicional instituição de ensino e foi marcado por manifestações artísticas, literárias e culturais relacionadas ao pertencimento e à memória afro-brasileira.

Exposição no Jardim da Escola Estadual Liceu de Humanidades / Fotos: Arquivo pessoal

Durante o evento, a estudante Maria Clara destacou que a Lagoa Fea divide dois territórios quilombolas (Machadinha e Lagoa Fea). Segundo ela, durante o período da escravidão, muitas pessoas fugiram de Machadinha em busca de abrigo e liberdade na região de Lagoa Fea, o que reforça a conexão histórica entre os dois quilombos. De acordo com Myllena, a comunidade de Lagoa Fea tem mais de 150 anos de existência e compartilha território e história com o Quilombo de Sossego, além disso, possui uma certificação pela Fundação Cultural Palmares de 2017. Desde 2021, a Associação de Remanescentes Quilombolas Lagoa Fea e Sossego atua na preservação da memória coletiva e na defesa de direitos. O senhor Carlito, considerado o mais idoso da comunidade, é uma das principais referências locais de resistência e ancestralidade.

“Eu [Myllena], Eduardo e Maria Clara participamos do evento, levando um pouco da história do nosso Quilombo. É de extrema importância mostrarmos cada vez mais a história dos nossos antepassados. O reconhecimento fortalece o sentimento de pertencimento e orgulho da história e cultura afro-brasileira, mostrando que os Quilombolas são parte fundamental da construção do país. Gostei de participar e de mostrar um pouco do que significa ser Quilombola”, conta a estudante e moradora do Quilombo de Lagoa Fea, Myllena Cruz.

Identidade visual da Associação de Remanescentes Quilombolas - Lagoa Fea e Sossego / Foto: Arquivo pessoal

Os quilombolas são um dos grupos prioritários do PEA Rede Observação.
Com a metodologia da educação ambiental, o PEA Rede Observação é uma medida de mitigação
exigida pelo licenciamento ambiental federal conduzida pelo IBAMA.

Pertencimento, cultura e identidade: Alunos quilombolas contam sobre comunidade tradicional em escola de Campos